Il Grande Racket

Music by Guido & Maurizio De Angelis

L´Uomo Della Strada Fa Giustizia

Music by Bruno Nicolai

La Mano Spietata Della Legge

Music by Stelvio Cipriani

 

 

Guido De Angelis (flauta) e Maurizio De Angelis (guitarra) tiveram uma produtiva carreira na produção popular italiana dos anos 70. Compuseram para diversos gêneros e principalmente para filmes da dupla Terence Hill e Bud Spencer.

Nesse trajeto tiveram a chance de diversificar seu trabalho com experimentações e variações em thrillers e filmes policiais. A trilha incomparável de Il Grande Racket (1975) é possivelmente o ponto alto das investidas da dupla em uma música menos convencional dentro de gêneros cinematográficos. Com forte influência do rock praticado na década de 70 (algo entre o rock progressivo e o jazz-rock) a música de Il Grande Racket é um notável exercício em experimentação instrumental. É também uma das trilhas mais sufocantes do gênero. Dirigido por Enzo Castellari (de La Polizia Incrimina), o filme é um dos mais abusadamente violentos do gênero. A música, circular e claustrofóbica, marca presença logo na sequência noturna de abertura com a destruição das vitrines e interiores de estabelecimentos comerciais pela gangue de criminosos. Além da intensidade rítmica de temas como Il Grande Racket e Caccia All´Uomo, temas quase abstratos como Visione e Fuga Disperata (sufocantes notas de baixo, flautas em eco e improvisos diversos) além da cacofonia de Seconda Allucinazione, acentuam a densidade do filme. Aqui não há espaço para o clichê policial, não há swings black, interlúdios românticos ou a tradição jazzística. A música assalta implacavelmente o ouvinte em um dos mais originais e extenuantes trabalhos dos euro-policiais. Il Grande Racket está disponível em uma edição comemorativa tripla (é o centésimo lançamento) do selo Digitmovies que também inclui a trilha de Stelvio Cipriani para La Mano Spietata Della Legge (1973) e a de Bruno Nicolai para L´Uomo Della Strada Fa Giustizia (1975). Com três ótimas trilhas de filmes policiais italianos, a edição é uma abrangente amostra do que de melhor se fez no gênero nesse período.

 

No auge do cinema policial italiano, 1975, a música de

L´Uomo Della Strada Fa Giustizia (1975) se diferenciou pela intensidade. O peso sonoro conseguido no cuidadoso registro dos instrumentos é destacável como uma das principais características da trilha. Na tradição musical do gênero, o compositor usa um tema principal incisivo como o de um western (quase um “hard-jazz”) cujas bases de piano servirão de material à maioria das variações da trilha. A determinação sonora da trilha se evidencia nos baixos elétricos (imprescindíveis ao gênero) e bases de piano. Contrasta à tensão sonora, a delicadeza (em clima de caixinha-de-música) de Un Uomo Innamorato. Com o esgotamento do gênero nos anos seguintes, este L´Uomo Della Strada Fa Giustizia ficou como um dos bons exemplares dos polizzioteschi pela direção firme de Umberto Lenzi e a trilha incisiva de Bruno Nicolai. 

 

Suficientemente produtivo em dramas e thrillers, Stelvio Cipriani também teve uma passagem importante nos filmes policiais italianos da década de 70. La Mano Spietata Della Legge (1973) é menos heroica e mais trágica que a média do gênero. Mesmo incluindo passagens dinâmicas (Caccia Urbana) e distração pop (Con Sentimento), a melancolia do tema principal é o tom do trabalho. Nas diversas versões do tema (algo habitual nas trilhas de Cipriani) destaca-se a beleza acústica em violão (Amore Per Lei), a versão bossa nova (Relax at Swimming Pool) e o arranjo para diversos instrumentos em Attimi D´Amore. Na sequência praticamente monotemática, Violenza, com baixo, guitarra com Cry Baby e flauta, é um tema de suspense que poderia entrar em algum thriller dos muitos que o compositor fez no período.