The Countess
Music by Julie Delpy
Admirável empenho da atriz Julie Delpy que além de escrever o roteiro, dirigir e protagonizar The Countess (2009), drama baseado na vida da Condessa Erzebet Bathory (a “Condessa Dracula”), também compôs sua bela trilha sonora.
Conduzida principalmente por cordas, a trilha concentra sua força na expressão camerística das execuções. Assim seus significados dramáticos, românticos ou trágicos são expressos em uma sutilíssima e refinada entrelinha musical que praticamente se abstém de emoção. Uma música calculada e de segredos internos, que evita a exposição e acentua muito das dúvidas e tormentos íntimos vividos pela Condessa. Julie faz a música acompanhar o drama à distância como a consciência da Condessa, que percebe o curso dos acontecimentos mas nunca se altera diante deles. O peso fúnebre na expressão das cordas conduz a trilha enquanto a delicadeza da harpa toma o lugar da protagonista, sempre se esquivando de exposição maior, sempre evitando a determinação trágica do grupo de cordas. Articulada e apreensiva como em Dominic e First Night, a trilha é uma surpresa em sua contenção sonora. With Istvan Again é um raro momento romântico (quase romântico) com maior fluência melódica nas frases de piano. A resignação de Last Words (também para piano) é exemplar de um trabalho pensado como suporte dramático sem exibicionismo. Gravada em Abbey Road e com produção de Marc Streitenfeld (autor de trilhas para Ridley Scott como Prometheus e Robin Hood) é uma trilha econômica e de curta duração. Admirável justamente pela opção à discrição sonora, por evitar o exibicionismo performático a que o cinema moderno se habituou.

10
Discrição sonora
em