Paura Nella Citta
Dei Morti Viventi
Music by Fabio Frizzi
Living Dead at the
Manchester Morgue
Music by Giuliano Sorgini
O cinema splatter europeu marcou época no inicio dos anos 80 com seus excessos gráficos e escatologia afrontando padrões e submetendo os espectadores a um pesadelo estético. A pornografia da violência – como já foram chamados os spaguetti westerns do início dos anos 60!
Mesmo contando com produção de bom nível – fotografia, cenografia e maquiagem de qualidade – a direção e narrativa grosseira (ou estilizada) eram o ingrediente básico do show. Não havia espaço para sutilezas, nem necessidade: tudo era explícito e sangrento nos filmes splatter. Os acompanhamentos musicais também seguiam essa fórmula, sem profundidade ou sugestão, apenas envolvendo as cenas em comentários circulares, climáticos e exagerados. Fabio Frizzi foi um dos mestres nesse subgênero sendo Gates of Hell (Paura Nella Cittá Dei Morti Viventi, 1980) um dos melhores exemplos de seu trabalho na área. A pesada marcha pinkfloydiana que abre Gates of Hell pode facilmente ser apontada como um dos grandes temas do cinema de horror. A influência do grupo Goblin é visível e muito bem assimilada no uso de instrumentação pop/rock (como em Verso L´Alba). Mas Frizzi apenas refere a instrumentação, o conteúdo é original e muito adequado ao cinema explícito do mestre Lucio Fulci. Outros momentos são marcados pelas performances de corais em clima apocalíptico como em Apoteosi del Misterio.
Algumas edições com a trilha de Gates of Hell também incluíram a música de The Living Dead at the Manchester Morgue (1974) outro grande momento do euro-horror. Uma raridade de Giuliano Sorgini, compositor que atuou pouco no cinema e esteve ligado a alguns exploitation dos anos 70 (nazi-eróticos, por exemplo). A trilha é bastante incomum com seus solos dispersos de instrumentos de sopro, órgão e sussurros vocais que a situam no limiar entre música e sonoplastia climática. As ousadias experimentais chegam ao limite da negação musical em uma sucessão de camadas de vozes em sussurros e instrumentos de sopro que são realmente apavorantes. O fagote e as vozes em Surreal são um exemplo. Ocasionais órgãos e efeitos eletrônicos completam o clima espectral como em Aggression (baixo e órgão) e na abstrata The Raisen Dead. Na linha totalmente oposta, seu tema principal, a rítmica John Dalton Street, é um ótimo exemplo do jazz/soul que tanto se praticou no período, mas com a diferença de que a base rítmica de baixo e bateria servem de suporte a um grupo de cordas que executa a melodia. Seguramente, The Living Dead at the Manchester Morgue é uma das mais bizarras criações sonoras para um filme de terror.

10
Claustrofobia
Horror
em
Living Dead at the Manchester Morgue 1974
Giuliano Sorgini
32 min.
Beat Records
