Heat

Music by Elliot Goldenthal

 

 

 

 

 

A trilha sonora de Heat funciona como um interessante painel da produção musical contemporânea. Sintética e asséptica como uma vitrine de shopping center, a música brilha com tecnologia de ponta, cumprindo perfeitamente sua função de espelhar um mundo industrializado e desumanizado.

A longa faixa (sete minutos) de abertura, com atuação do grupo de cordas Kronos Quartet, dá esse tom com precisão além de acentuar um eficiente suspense. Nas faixas Condensers, Run Uphill e Fate Scrapes, entre texturas orquestrais, o compositor abre espaço para o som de guitarras, que são as estrelas da trilha. (David Gilmour poderia ter participado). O diretor Michael Mann provavelmente optou pelo acumulo de artistas para evitar um tema central identificador dos personagens ou do próprio filme. Dessa forma, seriam também os personagens elementos desgarrados em uma cultura de fragmentos desimportantes? Discutível.

Completa a proposta de coletânea, as ilustres participações (em gravações próprias) do guitarrista ambient Michael Brook e o genial guitarrista norueguês Terje Rypdal, com duas faixas do seu inigualável jazz nórdico. A trilha se completa com o som industrial do grupo alemão Einsturzende Neubauten; o pop experimental do Passengers (U2 e Brian Eno); o pop eletrônico de Moby, e Lisa Gerrard com seu pesado som neo-medieval.