Macbeth
Music by Third Ear Band
Todos os adjetivos de virtude alternativa cabem à música de Macbeth (1971) feita pelo grupo Third Ear Band. Cult, experimental, underground, alternativo, antológico, enfim é um trabalho único no campo das trilhas sonoras. Embalou o clima depressivo do filme de Roman Polanski de forma perfeita.
Macbeth (Macbeth, 1971) foi um dos trabalhos mais intensos e marcantes do diretor. Foi seu primeiro filme depois do crime que vitimou Sharon Tate e o filme acabou visto como um desabafo sangrento de total descrença no homem. A estética pesada e insana que caracteriza o filme é acentuado ainda mais nas peças experimentais do grupo Third Ear Band. De forma muito original o grupo faz uma mistura incomum de música medieval com ingredientes modernos. As polifonias de sopros em Inverness e Macbeth Returns trazem a evidente referência medieval, mas excluída de toda a possível visão romantizada e idealizada desse período. Instrumentos elétricos em alguns momentos e até eletrônica (como em Duncan’s Arrival) fazem a conexão com a contemporaneidade. Na visita de Macbeth ao covil das bruxas, por exemplo, a faixa The Cauldron, soma acústico, elétrico e eletrônico. Faixas como Dagger and Death e Ambush beiram a abstração por sua indefinição musical e climática. Momentos melódicos mais familiares insinuam-se em Lady Macbeth e na bela peça vocal Fleance. Ainda assim a experimentação geral tende a dissonâncias e distorções como uma macabra caricatura musical. A associação com a atmosfera visual do filme é muito forte e a trilha soa constantemente absorta em loucura. Hipnótica, rodopiante, delirante.
Fazendo parte de um mini-ciclo de filmes (junto a The Devils, The Last Valley e outros) que reviu a idade média de forma menos romantizada, Macbeth foi uma experiência rara como cinema, tanto por sua integridade brutal como musical.

Experimental
Mórbido
10
em