St. Pauli Affairs
O distrito de St. Pauli foi a mais famosa zona de prostituição em Hamburgo, uma espécie de Boca do Lixo alemã, paraíso da marginalidade e tráfico de drogas.
O folclore outsider que naturalmente transborda dessas vizinhanças foi um prato cheio para o cinema popular alemão que explorou o filão marginal/underground em uma série de filmes policiais ambientados em St. Pauli, alguns protagonizados pelo ator Curt Jurgens. Na pele do investigador Markus Jolly, Jurgens freqüentou St. Pauli em uma série de aventuras e casos policiais em diversas fitas produzidas no final da década de 60.
Suas trilhas sonoras naturalmente empregaram referência própria à época (rock, jazz, psicodelismo, etc.) em uma série impagável de números “envenenados” que aqui valem também como saboroso registro do cinema popular alemão entre 1967 e 1972. A coletânea abre com o imperdível “frenesi rítmico” de Go Go Girls (1969, com Gerry Hayes and the Dynamic Brass) do filme On the Reeperbahn at Half Past Midnight, passando por uma grande variedade de estilos e climas (sempre tendendo a marginalia). Deliciosamente mundanas e decadentes, as trilhas representadas na coletânea farão a delícia de saudosistas com suas infalíveis combinações de órgãos elétricos, teclados hammond, bongôs e potentes naipes de metais além de exibirem um invejável senso de diversão musical – algo que se perdeu progressivamente nos anos seguintes. Os gêneros e climas se fazem bastante evidentes por toda a audição: jazz-pop em Shake (Frank Valdor Orchester, 1967), erotismo em Lesbishe Nummer (Peter Thomas, 1969), sensualidade bossa-nova em Black Market (Frank Valdor, 1966), jazz malandro em Top Secret e Fluchtweg St. Pauli (Peter Schirmann, 1971) e até momentos de humor, todos remetendo convidativamente à atmosfera de cabarés, cassinos e casas noturnas. Let the bad times roll com St. Pauli Affairs.

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Marginália retrô
em



