Logan´s Run
Music by Jerry Goldsmith
Lembrado como um dos hits do cinema de ficção científica antes do divisor de águas de Guerra nas Estrelas, o filme Logan’s Run (Fuga do Século 23) teve merecida repercussão em seu momento.
Foi um típico produto de sua época com sua direção de arte retrô-kitsch-delirante (estética shopping center com muito acrílico, neon e espelhos). O roteiro foi um dos últimos a fazer referência ao culto da juventude (pós-anos 60) e, como em muitos filmes do período, sugeria uma sociedade futura voltada ao totalitarismo e anulação ao indivíduo (como em Admirável Mundo Novo). A embalagem sonora de Jerry Goldsmith misturou linguagem sinfônica e eletrônica e privilegiou o uso da última para efeitos opressivos e maquinais como nos clusters sintéticos em The City, Fatal Games e na sufocante The Interrogation. Ninguém avisou a Goldsmith que esses efeitos estavam demais datados e ultrapassados? Claro que ele sabia, e usou os recursos dos sons eletrônicos para situar a sociedade desumanizada do filme. Love Shop merece citação por sua sugestão psicodélica e sensual, mas ainda soando assustadoramente sintética. Faixas como A Little Muscle fazem forte referência ao modernismo sinfônico (piano e cordas lembrando Schoemberg). A trilha só ganha maior amplitude musical (melódica) quando Logan (Michael York) foge dos limites de sua cidade subterrânea e descobre o mundo que existiu na superfície do planeta. A música então escapa do confinamento das linhas eletrônicas e se expande em peças tonais mais fluentes como no belo tema The Sun e na visita de Logan ao Lincoln Memorial em The Monument. Riquíssima e bem equilibrada entre modernismo e tonalidade, Logan’s Run é uma aula de composição para cinema. É também um dos trabalhos mais característicos do termo “trilha sonora” na obra de Goldsmith, sendo eficiente tanto em suporte à estética, quanto para suporte emocional ou de sincronia a ação.

10
Futurismo retrô
em



