MicMacs a Tire-Larigot

Music by Raphael Beau

 

 

 

 

 

Mais uma delirante e bem vinda aventura cômica de Jean Pierre Jeunet, Micmacs a Tire-Larigot (Micmacs, Um Plano Complicado), tem música do estreante Raphael Beau que tem no currículo trabalhos para teatro e para o Cirque Du Soleil.

Novamente com sua abordagem alternativa, Jeunet narra a aventura de Bazil (Dany Boon) que tem sua vida alterada por uma bala perdida e empenha sua vida em uma cruzada contra a indústria bélica. Muito da simpatia e da comicidade do filme é mérito da música que ora assume a tradição francesa dos acordeões ou valsas em pianola. O tema principal, Diabolique, é revisto em diversas versões sempre em abordagem nostálgica e satírica. A nostalgia é reforçada na utilização de trechos de trilhas sonoras de Max Steiner, como na sequência da locadora na qual o protagonista Bazil é atingido por uma bala perdida. Nessa sequência chave para o filme, Bazil assiste ao filme The Big Sleep (À Beira do Abismo, de Howard Hawks, 1946) e a trilha original desse filme se estende brilhantemente à sequencia “real”. Outros momentos incluem partes de O Tesouro de Sierra Madre (1948) e A Carga da Brigada Ligeira (1936), às vezes de forma irônica e absurdamente nonsense como na cena em que Bazil encontra o prédio do fabricante de armamentos e a música aumenta dramaticamente com a orquestra ao fundo. A narrativa cartunesca de Jeunet se beneficia muito da “pantomima musical” da trilha sonora que ora assume a emotividade como em Saint-Eustache, ora a sensualidade techno-retrô de La Diva Du Porno, ou mais consistência musical na bela valsa Train Blue. Incluindo tango, mambo, marchinha circense, música de realejo, Micmacs é um trabalho de rara simpatia na produção contemporânea.