Piero Piccioni
[1921 – 2004]
Quem é o maior compositor do cinema italiano?
Fácil: Nino Rota.
E depois dele? Fácil também: Ennio Morricone.
Certo, mas e quem mais em um mercado que desde o pós-guerra produziu incontáveis obras destacadas tanto como clássicos do cinema quanto obras de orientação popular? Depois de Hollywood e Bollywood o mercado italiano é um dos que mais produziu em quantidade, qualidade e em variedade de gêneros.
Antes mesmo de Ennio Morricone revolucionar a escrita para filmes com sua extravagância sonora nos faroestes, Piero Piccioni já havia dividido a história da música no cinema italiano em “passado” e “presente” com sua música incomparável. Com as trilhas para Il Bell´Antonio (O Belo Antonio, 1961) e Il Demonio (O Demônio, 1963), Piccioni antecipou a revolução expressiva que, mais adiante, seria ampliada por compositores como Ennio Morricone, Riz Ortolani, Gianni Ferrio ou Bruno Nicolai. Ele está seguramente entre os maiores de sua época com seu toque personalíssimo e bravura em inovações. Quem pensaria em uma trilha sonora jazzística para um filme de faroeste? Pois foi o que o ele fez em Sartana (Sartana, 1968). Atualmente o mercado de trilhas sonoras em CD tem feito um notável resgate de suas obras com trabalhos imprescindíveis.
Nascido em Turim, Piero Piccioni também foi um dos pioneiros no uso do jazz no cinema italiano. Sua banda de jazz foi a primeira a ter apresentações em rede nacional depois da queda do fascismo. Durante a ditadura de Mussolini a música americana estava proibida.
Como muitos de sua geração, Piccioni se beneficiou da diversidade de gêneros que se produzia no cinema popular nas décadas de 60 e 70. E assim, teve a chance de trabalhar tanto em filmes populares como para diretores de renome como Mauro Bolognini, em La Viaccia (Caminho Amargo, 1960); Bernardo Bertolucci, em Grim Reaper (1962); Elio Petri, em L’Assassino (O Assassino, 1961), Sergio Corbucci, em Minnesota Clay (1965), Luchino Visconti em Lo Straniero (1967), Lina Wertmuller em Travolti Da Um Insolito Destino (Por Um Destino Insólito, 1974) e Luigi Comencini em Quelle Strane Occasioni (Aquelas Estranhas Ocasiões, 1976).
A trilha da ficção-pop-futurista The 10th Victim (A Décima Vítima, 1967) de Elio Petri, teve boa repercussão pelo criativo jazz estilizado em direção a sátira kitsch. Na diversidade de sua vasta produção destacam-se grandes momentos como o western Sartana (Sartana, 1968), os eróticos Camille 2000 (1969) e Scacco a La Regina (1969), as aventuras Puppet on a Chain (1970), The Light At the Edge of the World (O Farol do Fim do Mundo, 1971) e o drama Il Monaco (1972).
Sua principal parceria foi com o diretor Francesco Rosi para quem musicou trabalhos famosos do cinema político como Salvatore Giuliano (O Bandido Giuliano, 1962), Il Caso Mattei (O Caso Mattei, 1973), e Lucky Luciano (O Rei dos Chefões, 1974). A parceria com o comediante Alberto Sordi também foi marcante na carreira de Piccioni e se estendeu por muitos anos nos filmes Fumo Di Londra (O Gentleman, 1966), Un Italiano in America (Um Italiano na América, 1967) e Il Comune Senso Del Pudore (O Comum Senso do Pudor, 1976) entre muitos outros.