Ennio Morricone

 

[1928 - ] Verdadeira lenda viva da composição para filmes, o romano Ennio Morricone teve seu nome permanentemente associado aos faroestes italianos dos anos 60. Com a invejável quantidade de mais de 500 trilhas compostas para cinema e a freqüente qualidade delas, o talento desse maestro italiano só pode ser entendido como fenômeno.

 

Formado no Conservatório de Santa Cecília, Morricone iniciou carreira como arranjador e compositor de canções populares em plena efervescência do gênero – final da década de 50 e início da de 60 – para nomes como Gino Paoli, Mina Mazinni, Milva, Jimmy Fontana e principalmente Gianni Morandi. A trilha de Il Federale (O Fascista, 1961) de Luciano Salce foi seu primeiro trabalho para cinema e o grande sucesso de Per Un Pugno Di Dollari (Por Um Punhado de Dólares, 1964), de Sergio Leone, o estabeleceu no mercado. Com o sucesso dos filmes seguintes de Leone – Per Qualche Dollari in Piu (Por Uns Dólares a Mais, 1965) e The Good, The Bad and the Ugly (Três Homens em Conflito, 1967) – Morricone ficou marcado como o principal compositor dos faroestes italianos. Ele faria uma notável expansão em seu trabalho durante a década de 70 e experimentou cada vez mais com a eletrônica e procedimentos de vanguarda. O período 1965-1975, de grande produtividade no mercado italiano (e no mercado europeu em geral), permitiu ao compositor o exercício em gêneros diversos. Nesse sentido foram muito importantes para sua escrita e intenções experimentais, as trilhas para filmes de terror e suspense, como The Bird With Cristal Plumage (O Pássaro das Plumas de Cristal, 1970), La Tarantola Dal Ventre Nero (1971) ou Spasmo (1974). Também se estabeleceu como o principal compositor dos filmes políticos e contestadores, que tanto marcaram o cinema italiano no início dos anos 70, como Queimada (Queimada, 1969), La Califfa (A Rebelde, 1970), Indagine Di Un Citadino Sopra Ogni Sospeta (Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita,1970), La Classe Operaia Va in Paradiso (A Classe Operária Vai ao Paraíso, 1972), Sacco & Vanzetti (Sacco & Vanzetti, 1973) e 1900 (1900, 1976). Mesmo passando, na década de 80, a reciclar seu estilo de construção melódica e arranjos, realizou ótimos trabalhos como Tragédia Di Um Uomo Ridículo (1981), Butterfly (1981), Once Upon a Time in America (Era Uma Vez na América, 1984), The Untouchables (Os Intocáveis, 1986), The Mission (A Missão, 1987), Frantic (Busca Frenética, 1987). Mesmo com a queda de produtividade no mercado europeu, Morricone continuou em atividade em apresentações internacionais e parcerias produtivas como a prolífica colaboração com o diretor Giusepe Tornatore para quem ele faria, entre outros, Nuovo Cinema Paradiso (Cinema Paradiso, 1989), Stanno Tutti Bene (Estamos Todos Bem, 1990), Una Pura Formalitá (Uma Simples Formalidade, 1994), La Leggenda Del Pianista Sul’Oceano (A Lenda do Pianista do Mar, 1999), Malena (2000) e The Best Offer (A Melhor Oferta, 2013). Seu filho Andrea Morricone também segue carreira como compositor de cinema.