Spasmo
Cosa Avette Fatto a Solange?
Music by Ennio Morricone
“Quer ouvir o som mais irritante do mundo?”
A pergunta de Jim Carrey parece ter sido a motivação de Morricone em Spasmo, thriller do veterano diretor Umberto Lenzi.
A suíte de 20 minutos adequadamente chamada Stress Infinito, alinha o maior número de dissonâncias para cordas já ouvidas em filme de suspense. Enquanto Bernard Herrmann tentou em Psicose a suspensão respiratória em suas construções rítmicas para cordas, Morricone em Spasmo foi adiante buscando nas dissonâncias e desafinações das cordas a agonia emocional necessária ao filme. Um “nó na garganta” musical. Em contrapartida, e na tradição dos giallos, o melancólico tema principal (Bambole) é dos mais belos do compositor.
A edição da RCA também trouxe a trilha para outro suspense, Cosa Avette Fatto a Solange (1972), grande momento do suspense italiano cujo sucesso gerou um subgênero de thrillers com adolescentes e prostituição. Mais variada melódica e tematicamente do que Spasmo, a trilha alterna atmosferas de suspense (Aleatório, Raccapriccio) a construções melódicas mais acessíveis (Fragile Organetto, Cadenze, Fine di Solange). E melhor de tudo, o tema principal (repetindo o comentário de Spasmo) é dos mais belos do repertório de Morricone. O comentário parece redundante e recorrente na apreciação de muitas trilhas de Morricone, mas o tema de Solange realmente garante posição entre as mais belas criações do compositor por sua força lírica e sensual (Edda Dell´Orso é uma verdadeira força da natureza).

Spasmo 1974
Cosa Avette Fatto a Solange 1972
Ennio Morricone
61 min.
RCA
10
Tema principal
em