The Mechanic
Music by Jerry Fielding
Na obra radical e íntegra de Jerry Fielding, The Mechanic (Assassino a Preço Fixo) marca presença como uma das mais dinâmicas e participativas em uma película.
Os quinze minutos de abertura sem diálogos são sustentados unicamente pela trilha modernista de Fielding. Salvo alguns ligeiros desenhos melódicos como The Letter ou Suicide, a trilha escapa com frequência da tonalidade. Fielding se entrega a processos de composição modernistas com determinação ferrenha e o resultado permeia o filme como uma intrincada ameaça sonora. Uma música tensa e inconclusiva, composta por blocos sonoros distintos que paracem não se completar. Sopros, cordas e percussão parecem antagonizar suas forças em um diálogo a médio volume. Vanguardismo de câmara?
“Não houve intenção de construção melódica ou rítmica. A trilha me serviu como um experimento de técnicas que vim a empregar posteriormente” – J. Fielding
Em Never Ride a Motorbike a trilha desenvolve uma suíte (oito minutos) na qual a progressão de eventos musicais finalmente sugere sustento a uma sequência narrativa (a perseguição nas motocicletas) com repiques militares e metais dinâmicos. Em Fielding, a expressão dramática é sempre tensa, trágica, explosiva. E inigualável. Mesmo em trechos de suporte a ação, como nas sequencias finais (The Setup, The Big Chase) a trilha é multifacetada, repleta de ângulos e invenções. A excelente edição do selo LaLa Land inclui os temas source de “jazz retrô” também compostos por Fielding e que, por sua vez, acentuam ainda mais a vitalidade modernista da trilha. Essencial para se conhecer a obra de um dos maiores nomes das trilhas sonoras modernas.

Modernismo
10
em
“Blocos e bolhas de som preenchem o espectro sonoro. Todos pintados em matizes de preto” – J. Fielding



