Point Blank
Music by Johnny Mandel
A aventura policial Point Blank (À Queima Roupa) foi um dos filmes que chamou atenção para o artesanato cinematográfico do diretor inglês John Boorman.
Na busca pela estilização, o filme assumiu o surrealismo em uma trama conduzida por um personagem (Lee Marvin) que supostamente “voltou dos mortos” para cobrar o dinheiro que lhe foi tirado. O romance The Hunt de Donald Westlake foi o mesmo que inspirou The Payback (O Troco) anos mais tarde. E estilização é o que também marca a trilha de Johnny Mandel com seu jazz “de outra dimensão” caracterizado por linhas de sopro dispersivas e piano “pontilhista”. A indefinição e o mistério de temas como Opening ou The Bathroom beiram o fantasmagórico, algo bastante incomum no gênero e em trilhas de jazz. Mandel empregou procedimentos da composição serial e escala de 12 notas. Mais tradicionais (mas também estilizadas) são o soul Mighty Good Times com performance “gritada” do Stu Gardner Trio (para a seqüência do night club). As baladas This Way to Heaven e I’ll Slip Out of Something, são mais tradicionalmente jazzísticas que curiosamente destoam do conjunto por seu romantismo bossa-nova. Junto às trilhas de Quincy Jones do mesmo período, Point Blank com sua dispersão sonora e emocional, foi um dos trabalhos mais ousados e inovadores da linguagem jazzística empregada pelo cinema. De alguma forma a trilha equivale, em proposta de inovação para sua época, ao que Mandel havia feito em I Want To Live na década anterior.
A edição do selo Film Score Monthly inclui a trilha para The Outfit de Jerry Fielding.

Jazz de vanguarda
10
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