A Streetcar Named Desire

Music by Alex North

 

 

 

 

 

Trabalho fundamental no decorrer da história do cinema, a música de Streetcar Named Desire (Um Bonde Chamado Desejo), abriu caminho para posteriores trilhas sonoras utilizarem a linguagem do jazz como alternativa de comentário dramático em uma película.

Junto ao filme, a trilha também teve problemas com a censura americana que obrigou a produção a reduzir e amenizar certas passagens narrativas. O filme, em suas edições recentes para DVD foi restaurado ao formato original e a trilha sonora felizmente foi resgatada em uma primorosa regravação feita por Jerry Goldsmith.

Streetcar Named Desire foi um verdadeiro divisor histórico na evolução pela qual as trilha sonoras passavam no cinema americano podendo ser destacado como o Cidadão Kane de seu tempo.

North equilibra exemplarmente as possibilidades expressivas da escrita sinfônica à instrumentação de jazz descobrindo novas alternativas sonoras. A faixa Blanche é uma jóia de sofisticação instrumental que equivale às experiências do então embrionário cool jazz. A faixa Blanche and Mitch, com trompete e cordas é um belo momento de encontro entre as sonoridades características dessas duas escolas. É também um dos poucos momentos de suavidade romântica em um conjunto que se caracteriza pela sonoridade intensa habitual das performances jazzísticas. Também característica da trilha é a pulsação cardíaca e sensual dos ritmos e dos baixos como em Belle Reve Reflections e Stan and Stella. Orientada pela percepção de Blanche (Vivien Leigh) a música revela seus estados emocionais: é caótica e desorientada na abertura com os sons da rua e bares em New Orleans Street, desconfiada no encontro com Stanley (Marlon Brando) em Stan Meets Blanche, reminiscente, sonhadora e alienada do conjunto em Belle Reve. Acima de tudo pesa genialmente nas entrelinhas musicais a desolação emocional do tema principal em diversas passagens (Birthday Party, Revelation). Considerando que a trilha esteve anteriormente disponível em suítes parciais, a gravação de Jerry Goldsmith pode ser considerada como uma edição definitiva e histórica.