Star Wars

The Empire Strikes Back

Return of the Jedi

Citar Star Wars como item de discoteca básica ou trilha sonora clássica é tão redundante quanto inevitável. Abrindo com a famosa fanfarra da 20th Century Fox (que não era utilizada desde meados dos anos 60) a trilha de Star Wars marcou época com seus arranjos espalhafatosamente rebuscados que tiravam do colorido instrumental, o máximo de efeito.

Durante as filmagens e primeiras edições George Lucas utilizou como temporary tracks (trilha temporária) músicas de Gustav Holst, Willian Walton e até trechos de Ben Hur. John Williams logo se convenceria de que a linguagem clássica dos românticos do século XIX era realmente a mais adequada ao suporte musical do filme. E assim, não pretendeu soar moderno ou inovador e sim acadêmico para o clima de “conto de fadas espacial”. Faixas como o romantismo debussyano de Princess Leia’s Theme e até o jazz estilizado para as seqüências da cantina são evidentes exemplos de intenção ao familiar. Da mesma forma, é fácil perceber a opção do compositor em referenciar o que se fez em décadas anteriores nas trilhas de cinema. Assim há a citação a Bernard Herrmann no suspense de Dianoga e Trash Compactor, a pontuação da ação, típica de Dimitri Tiomkin em Imperial Attack, ou o lirismo épico dos westerns de Ennio Morricone em Binary Sunset. Além, é claro, de puro John Williams nas heróicas explosões sonoras de The Millenium Falcon, Tie Fighter Attack, e Shootout in the Cell Bay. O excesso de floreios e o uso do leitmotiv wagneriano (temas específicos para personagens ou situações) têm grande função no decorrer do filme por seu poder de entorpecer os sentidos e imergir os espectadores na massa sonora e consequentemente no embalo fantasioso da narrativa. O resultado foi tão eficiente em sua franca obviedade que se tornou indissociável da saga. É possível que toda uma geração de cinefanaticos precise de um lenço para ouvir o encerramento de The Throne Room.

Com a sequência The Empire Strikes Back (O Império Contra Ataca, 1980), Williams inevitavelmente repetiria a linguagem rebuscada, mas com uma sensível maturação nos arranjos tornando o som mais direto e potente. Destaca-se imediatamente na trilha, a majestosa e ameaçadora Imperial March, tema já incorporado ao universo de filmes, games, etc, e tão emblemático da série como a fanfarra tema principal. Os novos temas se integraram naturalmente ao espírito geral como o lírico e jovial Yoda’s Theme, assim como o romântico Han Solo and the Princess, utilizado com grande eficácia no encerramento em The Rebel Fleet. A suíte The Battle of Hoth (14 minutos) é um dos pontos altos, e nela a sessão Imperial Walkers, com seu andamento de pianos percutidos em uma pesada marcha, se inclui entre as grandes criações do compositor. Da mesma forma, a exuberante fluência de The Asteroid Field, além de um dos grandes momentos do disco, se destaca facilmente como uma das melhores e mais expressivas peças já compostas para uma seqüência de ação no cinema.

Por sua vez a trilha de The Return of Jedi (O Retorno de Jedi, 1983) é a que menos tem a oferecer devido a pouca novidade temática, e acaba funcionando como um grande exercício de variações por reutilizar os temas principais dos dois primeiros filmes. Ainda assim merecem citação o nobre tema para Luke and Leia, e a presença maligna do Imperador, marcada por corais sombrios em The Emperor Arrives, Emperor’s Throne Room e diversas outras passagens que fazem uma variação tétrica ao tema Imperial March. As divertidas Jaba’s Baroque Recital e Jedi Rocks trazem alternativa sonora. Naturalmente não poderiam faltar os scherzos e suítes de ação habituais do compositor como em Sail Barge Assault, além de Battle of Endor, que com sua sucessão de climas heróicos e trágicos soma 28 minutos na maior construção sinfônica feita para a série.